quinta-feira, 30 de setembro de 2010

pequenos prazeres

esse texto poderia ter sido inspirado por aquele pedaço do filme amelie poulain onde ela lista uma porção de coisas que ela adora fazer. o que eu mais me lembro é do prazer em enfiar a mão em um saco cheio de grãos.
mas só me lembrei da amelie bem depois de começar a rascunhar o que eu ia escrever hoje.
minha inspiração foi meu banho matinal.
como eu gosto de tomar banho! a ducha morna nas costas, o cabelo molhando, ensaboar os pés... isso me dá tanto prazer! fiquei pensando nessa minha necessidade de um banho matinal e na falta de habito dos europeus em tomar uma ducha todos os dias.
não vou discutir a cultura aqui. se é preciso ou não, ecológico ou não, higiênico ou não.
pra mim, tatiana, é necessário! não só pela higiene, mas para o meu bom humor, o meu despertar, o meu bem-estar.

o banho também é um momento muito individual, né? eu comigo mesma. sem ninguem pra interromper, perguntar, questionar.
concordo que "banho junto" também pode ser bem delicioso, mas não abro mão de uma ducha sozinha.
e um banho um pouco mais demorado é um ótimo berçário de pensamentos.

pensando no prazer que tenho em tomar banho comecei a pensar de que outros grandes pequenos prazeres eu não abro mão. e em qual o maior pequeno prazer que tenho na vida.
por pequeno prazer não quero dizer que ele é menor, piquerrucho. quero dizer que é um prazer simples.

tomar um chope mega-ultra-punkmente bem tirado e gelado depois de um longo dia de trabalho.
poder fazer um xixi bem grande quando eu tô muito apertada.
sentir o pé dormente quando eu entro no mar gelado.
comer pão fresco e quentinho com um bom queijo.
coca-cola! zero! com muito gelo! quando o corpo "tá pedindo".
dirigir por uma linda estrada ouvindo uma música que combina com a ocasião.
fofocar, como se fosse adolescente, por horas e horas, com amigas queridas.
olhar um quadro que mexa comigo.
beijar na boca. loooongamente. 
cantar uma unica músicaover and over até aprender a letra todinha.
tirar os sapatos para ocntinuar dançando uma noite inteira.


mas acho que o maior de todos, o meu maior pequeno prazer, é chorar de rir.
gargalhar.
alto.
até ficar sem ar, com a barriga doendo.
e tudo que envolve a realização desse enorme pequeno prazer...

(eu achei que uma das regras do blog no período da viagem seria só usar as fotos tiradas por mim durante a viagem que estou fazendo. mas não encontrei imagem que representasse melhor esse texto do que esta, tirada pela dani guedes, no nosso carnaval em buenos aires. comigo na foto está a fabi)


quarta-feira, 29 de setembro de 2010

portugal = comida

colhi e comi... é época de vindima


vi sendo feito, mas não consegui comer... + de 300 brasileiros na fila do famoso pastel de belém

estar só não estando só


essas minhas férias estão divididas em 4 partes.
a primeira foi uma semaninha no Rio para colocar a vida em ordem e fazer mil "até logo" com meus amores todos.
a segunda está sendo esse passeio por cidades e saudades portuguesas na companhia da minha avó.
a terceira parte é uma viagem "carreira solo" por 3 cidades da alemanha.
a quarta parte é um encontro rápido com meua pais em paris.
(chique, né, gente?)

me preparei demais para esse período.
o planejamento de paris eu deixei por conta do meu popitcho. é o que ele mais ama fazer, e não tem como competir com a organização dele (pois é... esse gen não veio na minha combinação...).
a alemanha eu pesquisei muito. tenho berlin na ponta da lingua e mapas bem desenhados com os principais "what to do" de frankfurt e colonia.
já portugal eu não vi nada. eu já conhecia boa parte, e pensei em deixar por conta da vovó me mostrar os "sitios" onde ainda não tinha estado.

a semana no rio foi de pura ansiedade.
não so pela viagem em si, pela expectativa de conhecer novos lugares e pessoas, por tudo que eu tinha que organizar antes de vir, pelas saudades que eu ia sentir.
minha principal expectativa era ter esse tempo pra mim. sozinha. para pensar, ponderar, balancear. para ter novas ideias e ter tempo de avaliar algumas antigas.
e esse blog é um pouco o resultado desse momento solo.

acontece que eu não estou sozinha, né?
eu tô com a minha avó. o tempo todo. 24 horas por dia. acordando, passeando, comendo, falando, vendo TV, comprando, dirigindo, planejando, dormindo.
full time.
e eu que prezo tanto os meus espaços particulares. espaços físicos, pensamentos, coração.
e eu que tenho tanta dificuldade em me comunicar e de expressar minha real opinião sobre as coisas.

tento abstrair algumas vezes e me isolar nos meus espaços mentais, e isso me faz valorizar ainda mais esses momentos em que estou "sozinha".
quando estou visitando um lugar, me perco nas possibilidades de fotografias que posso extrair dali.
quando sento em um café, viajo nas conversas alheias imaginando mil histórias de passado, presente e futuro para aquelas pessoas.
quando estou dirigindo, transformo a estrada em uma tela de videogame e vou passando cada etapa em direção ao destino final.
quando estou escrevendo aqui, no blog, não ouço nem vejo nada que está a minha volta. só os meus próprios botões.
quando estou andando na rua, observo as pessoas e imagino se elas gostariam de me conhecer.
quando estou ouvindo música, procuro sempre uma correspondência com um dos meus amores.
vivo só, no meu "universo particular".

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ah, a saudade...

desde que comecei a escrever por aqui tenho vontade de escrever sobre a saudade, mas o que escrever? como descrever, poetizar, transmitir em palavras a grandeza desse sentimento?
tantas músicas.
tantos poemas.
tantos contos.
tantos dizeres.
uma googada na palavra traz aproximadamente 3.850.000 resultados...

acho um sentimento bonito demais. não vejo tristeza na saudade. vejo carinho, ternura. é verdade que as vezes ela doi (mesmo, fisicamente) no peito, mas a gente só sente saudade de coisa boa, não é mesmo? é tão bom lembrar pessoas, situações, objetos, roupas, tempos, lugares...
saudade não é falta, é preenchimento.

dizem que saudade é uma palavra que só existe na nossa lingua, né? (não sei, pois falo poucas) se isso é verdade, coitados dos que não conhecem a beleza dessa expressão.
sei que a saudade é um sentimento que tem muito a ver com essa terra de onde escrevo. portugal exala saudade em cada rua, em cada janela, em cada rosto. As paredes rosadas, o mar brilhante, os rios largos, as praças monumentais, as igrejas, as fontes de água, os costumes.



um país em que as viúvas trajam preto até o fim dos seus dias para poderem sentir saudade de um tempo que não volta mais.
um país que foi de ponta em diversos estudos e tecnologias e hoje, através de seus monumentos, vive a lembrança desta época.
um país que canta o fado, música que é quase sinônimo de saudade.
um país onde passei as mais divertidas e memoráveis férias da minha vida - em família e com amigos.

e pra mim portugal ainda traz a doce lembrança do meu saudoso vô hique.
personalidade ímpar, coração imenso, simplicidade rara.
estava sempre sorrindo, com as mãos nos bolsos, andando calmamente.
era muito difícil ve-lo estressado, irritado, nervoso.
esquecia-se de tudo, o tempo todo.
não dispensava um bom vinho, pão fresco, cebolas cruas e vinagre no tempero.
querido por todos que o conheciam (todos mesmo!), amava e sentia saudade da sua terra.
para passar o tempo no rio de janeiro ele se envolvia com tudo e todos que pudessem lhe trazer boas recordações e histórias da terrinha.



no ano passado meu vô hique fez sua ultima viagem pra cá. e por aqui ficou...
agora eu é que sinto saudade.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

entradas e saídas

no mundo inteiro as auto-estradas cruzam inúmeras cidades, e possuem saídas que dão acesso a estas localidades.
no meu segundo dia aqui em portugal discuti com a minha avó depois de dizer que a gente tinha que pegar a "saída para tondela".
- saída não, entrada para tondela! - disse ela.
eu tentei explicar, ela rebateu, eu coloquei que era para ela pensar pelo ponto de vista de quem estava na estrada e... ok. perdi. deixemos assim.



uns dois dias depois tive a mesma conversa com um primo. ele também não se convenceu e eu só pensava "ai... portugal...."

só me convenci quando a terceira pessoa ponderou exatamente a mesma coisa comigo.
eu estava dirigindo sem gps, e:
- é para sair aqui? - pergunto eu
- sair não. entra na amadora! aqui!!!!!
- aqui??? nessa saída???
- era aquela entrada alí...
perdi a saída/entrada e tive que dar uma volta imensa para chegar no lugar onde queriamos ir.



e me convenci que cada saída corresponde a uma entrada. você sai de um lugar para entrar em outro.

você sai da rua e entra em casa. ou entra na rua para sair de casa.
cada porta ou janela que a gente abre tem sempre duas paisagens a serem vistas: a de fora e a de dentro.



e quando a gente perde uma entrada (ou uma saída) para determinada oportunidade que a vida nos dá, sempre é possível chegar onde queremos.
O caminho pode ser mais longo, podemos gastar mais tempo e energia, mas sempre ganharemos mais experiência e conheceremos outras coisas e caminhos.



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

paciência é uma virtude feminina?

nesses tempos modernos, corridos e egoisticos eu tenho pedido a deus muita paciência.

não sou uma pessoa esquentada ou irritadiça, mas por vários e diversos motivos tenho precisado respirar fundo, contar até 5 e soltar o ar beeem devagar.

também não sou uma pessoa de "pedir"... sou mais de agradecer. mas as vezes é importante solicitar uma mãozinha, não é mesmo?

enfim...
cá estou eu em portugal.
terra da paciência.
como esse blog ainda é indefinido e está acontecendo no meio dessa viagem, peço permissão para colocar uns pensamentos que parecem soltos, mas que para mim ainda fazem sentido.



na quarta feira visitei nazaré.
uma terra (como dizem aqui) com muitas lendas, mitos e mistérios.
a mais famosa é a do cavaleiro que quase caiu no abismo ao ser atraido por um veado, mas mas a que eu quero contar aqui tem a ver com mulheres, mar e... paciência!



hoje a mulher nazarenha é batalhadora, trabalha duro debaixo do sol forte vendendo frutos secos para a turistada que passa por lá. são muitas mulheres, senhoras de idade, na verdade, espalhadas pela cidade.
mas o que me chamou mesmo a atenção foi a roupa delas. todas usam roupas muito parecidas, e fui conversar para saber o significado daquilo.
acabei descobrindo que elas usam, até hoje, sete saias. uma por cima da outra. é bem verdade que as saias encurtaram, mas ainda estão lá representando a paciência e a dedicação das mulheres.

nos idos tempos, as mulheres de nazaré costumavam passar dias e dias na praia esperando seus filhos e maridos voltarem da pesca em alto mar. as sete saias serviam não só para contar os dias da semana que iam passando, as ondas do mar (de sete em sete ondas vinha uma rasa, quando o barco podia encalhar) mas também para elas se protegerem do frio. algumas saias cobriam as pernas e as outras elas levantavam para cobrir costas e ombros.


isso sim é paciência...
alguem conhece algum homem que seja ou tenha sido capaz de passar por uma dessas?




"será que é tempo que me falta pra perceber
será que temos esse tempo pra perder
e quem quer saber
a vida é tão rara"

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

que raio de blog é esse?

antes de divulgar a existencia desse blog eu mostrei e pedi a opinião de algumas pessoas. pessoas que estão acostumadas a escrever, que são críticas e que eu sei que serão leitores desse balão.

e aqui está ele para vocês todos agora.
a verdade é que eu ainda não sei direito que rumo ele vai tomar. é um balão de ar quente, daqueles bem coloridos que voam cada vez mais alto quando vão soltando os sacos de areia pelos ares.

ele começou motivado pela viagem que estou fazendo.
portugal + frankfurt + berlim + colônia + paris! parte acompanhada da família e parte sozinha.
mas não só por isso.

férias = tempo pra mim = relaxar = pensar na vida = traçar planos e metas > rever conceitos e preceitos > deixar de ser algumas coisas e passar a ser outras.

o balão vai subindo.
as mudanças vão acontecendo.
e vocês vão acompanhando (mesmo que o "vocês" aqui sejam apenas os meus próprios botões...).


os sapatos trocados


foi assim que eu saí de casa hoje de manhã para ver meus documentos de cidadã portuguesa que sou.
melissa vermelha num pé.
sapatilha preta no outro.

vesti os dois para ver qual combinava melhor com a minha roupa, e acabei esquecendo de trocar um dos pés...
não me dei conta...
juro!

andei por aí, falei com várias pessoas... não olhei pros meus pés.
bem percebi que alguns me olhavam mais fixamente, analisavam a minha pessoa...
mas isso é normal quando não a gente não pertence àquele conjunto cultural, certo?

depois de muitas risadas com a minha avó eu fiquei com um pouco de vergonha. hora escondia o pé vermelho embaixo de uma mesa, hora pisava com o vermelho em cima do preto pra disfarçar a loucura.
o fato é que, apesar de querer ser uma cidadã portuguesa, eu de fato não pertenço a este conjunto! não falo "mais pequeno" nem "mais grande", não seco meu cabelo antes de sair de casa, tomo banho duas vezes por dia, não consigo comer pão + sopa + comida + sobremesa + queijo nas refeições, não faço top less na praia, gosto de andar de bermudas quando tá quente e... por que não... uso um pé de cada modelo de sapato.

normal, ué.






domingo, 19 de setembro de 2010

o que fazer quando não se tem nada para fazer?



hoje eu fui a missa.
nunca vou a missa, mas hoje eu fui.

e depois da missa fui passear no centro da cidade, ver vitrines. de lojas fechadas.
acredite! esse é um programa de domingo numa cidade onde as opções de diversão são, digamos, restritas.
e acredite! foi bacana! vi vários tipos estranhos e comuns. reparei em uma senhora toda de branco, sentada sozinha em um café, apenas olhando a rua. percebi que aqui as mães costumam vestir os filhos com roupas iguais, mesmo que seja uma menina e um menino. cumprimentei uma típica viuva portuguesa que vendia meias de lã na saída da igreja. estranhei as farmácias se organizarem para revezar o funcionamento aos domingos.

já em casa resolvi ficar fazendo nada na varanda. alí fiquei observando tres crianças brincando em um um jardim de mais ou menos 20 metros quadrados. um deles fingia ser uma formiga, ou outro uma tartaruga e o terceiro dizia que era um adulto. eles brincaram por um tempo, acharam chato e decidiram que seria muito mais legal se aquele jardim fosse, na verdade, uma floresta. aí a formmiga virou um explorador, a tartaruga se transformou em leão e o adulto quis ser um macaquinho. e alí eles ficaram por mais alguns minutos, até enjoarem e mudarem a brincadeira para pique-esconde.

daí... a pessoa que não tem nada para fazer... fica pensando, né? fazer o que?

em que momento da vida a gente perde a capacidade de se reinventar, de experimentar, de arriscar?
por que a gente tem tanto receio de assumir que mudou de ideia, que preferia de um outro jeito, cor ou gosto?
de onde vem o medo do incerto? do fracasso?
por que é tão ruim ter arrependimentos? por que "se arrepender" tem que ter essa carga tão pesada, tão negativa?

enlouqueci nas compras. zerei o cartão. vou pedir um emprestimo.
estudei engenharia. não gostei. vou ser vendedora.
casei. não deu certo. vou ficar solteiro.
cortei o cabelo curtinho. ficou parecendo um abajour. vou esperar crescer.
eu sou uma formiga. cansei. vou ser um explorador.

pronto. sem muito estresse. sem martírio.
o que foi feito não tem como ser apagado, rebubinado. nos resta anotar a lição e focar no "e agora?".

"agora o plunct-plact-zummm
pode partir sem problema algum
boa viagem"


 



sábado, 18 de setembro de 2010

primeiro vôo

tá começando a viagem.
ainda no aeroporto fiz uma aquisição muito valiosa para esse projeto: uma câmera fotográfica. certeza que ela será a minha maior companheira nessa empreitada. além de registrar momentos/cenas/olhares, através desses registros eu vou poder compartilhar os momentos com meus amores.
nunca fui fotomaniaca, mas gosto de ter uma boa câmera por perto para registrar momentos únicos.
ainda sobre fotos.
comecei no aeroporto mesmo uma série de pés + malas. uma senhora de meias elásticas me inspirou. acho que vou ter muitas oportunidades de fotografar essa combinação de pés e malas durante a viagem.

mas eu sou uma fotógrafa tímida. fico com receio do "objeto" perceber que é o meu foco e perder a foto ou levar uma careta por estar tirando foto sem permissão.
o que fazer nessa hora? meus amigos fotógrafos podiam contribuir...
quando estamos em um ambiente propício - tipo um evento ou similar - é bem mais fácil. mas e no meio da rua? ou num aeroporto? ou até mesmo dentro do avião?
queria ter tirado fotos da senhorinha com cheiro de meleca que foi minha companheira nessas 10 horas de voo. ô figura!!! eu fui bem simpática no início, mas a portuguesa não parava de falar. não teria problema algum se eu entendesse ao menos metade do que ela falava. aí fingi que eu estava dormingo... até ela pegar no sono.
é estranho estar escrevendo de uma pessoa que está sentada bem do seu lado mas que não faz a mínima ideia de que está sendo documentado.
é assim que eu quero poder tirar as minhas fotos também.



sexta-feira, 17 de setembro de 2010

começando

não sei bem porque comecei um blog hoje.
não sei bem o que vai acontecer por aqui.
por enquanto não vou divulgar, passar link ou falar do que eu escrevo.
vai ser quase um "diário secreto" publicado na redona.

depois eu vejo...

hoje viajo.
sinto mudanças vindo por aí.
estou preparada e esperando muito por elas.
não sei quais são.
não sei ainda pra onde vão me levar.
mas eu quero.

que venham as mudanças!