hoje eu fui a missa.
nunca vou a missa, mas hoje eu fui.
e depois da missa fui passear no centro da cidade, ver vitrines. de lojas fechadas.
acredite! esse é um programa de domingo numa cidade onde as opções de diversão são, digamos, restritas.
e acredite! foi bacana! vi vários tipos estranhos e comuns. reparei em uma senhora toda de branco, sentada sozinha em um café, apenas olhando a rua. percebi que aqui as mães costumam vestir os filhos com roupas iguais, mesmo que seja uma menina e um menino. cumprimentei uma típica viuva portuguesa que vendia meias de lã na saída da igreja. estranhei as farmácias se organizarem para revezar o funcionamento aos domingos.
já em casa resolvi ficar fazendo nada na varanda. alí fiquei observando tres crianças brincando em um um jardim de mais ou menos 20 metros quadrados. um deles fingia ser uma formiga, ou outro uma tartaruga e o terceiro dizia que era um adulto. eles brincaram por um tempo, acharam chato e decidiram que seria muito mais legal se aquele jardim fosse, na verdade, uma floresta. aí a formmiga virou um explorador, a tartaruga se transformou em leão e o adulto quis ser um macaquinho. e alí eles ficaram por mais alguns minutos, até enjoarem e mudarem a brincadeira para pique-esconde.
daí... a pessoa que não tem nada para fazer... fica pensando, né? fazer o que?
em que momento da vida a gente perde a capacidade de se reinventar, de experimentar, de arriscar?
por que a gente tem tanto receio de assumir que mudou de ideia, que preferia de um outro jeito, cor ou gosto?
de onde vem o medo do incerto? do fracasso?
por que é tão ruim ter arrependimentos? por que "se arrepender" tem que ter essa carga tão pesada, tão negativa?
enlouqueci nas compras. zerei o cartão. vou pedir um emprestimo.
estudei engenharia. não gostei. vou ser vendedora.
casei. não deu certo. vou ficar solteiro.
cortei o cabelo curtinho. ficou parecendo um abajour. vou esperar crescer.
eu sou uma formiga. cansei. vou ser um explorador.
pronto. sem muito estresse. sem martírio.
o que foi feito não tem como ser apagado, rebubinado. nos resta anotar a lição e focar no "e agora?".
"agora o plunct-plact-zummm
pode partir sem problema algum
boa viagem"
pode partir sem problema algum
boa viagem"
eu gosto de ir à missa. é como estar dentro uma poesia: as palavras. os sorrisos discretos. os olhos fechados. o simbólico...
ResponderExcluirsobre re-in-ventar... bem, me parece que esse vento tá soprando seu balão. e o voo só tá começando.
queria tanto poder responder aquelas suas perguntas, amiga! Me fez pensar mto e no final das contas a gente é assim mesmo... Dificulta mto as coisas e quando vc menos espera está dizendo NÃO SEI NÃO SEI NÃO SEI
ResponderExcluirQuando não houver o que fazer, sempre haverá algo à imaginar ou observar.
ResponderExcluirTati, adorei as suas palavras. Acabei de ler em voz alta para minha mãe que também gostou muito. E sabe, esta tua postagem dá ânimo para se reeiventar e mudar. Grande Beijo!!! Alex Duarte
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